Paroxítonas, proparoxítonas ou proparoxítonas aparentes
A dúvida na classificação em paroxítona ou proparoxítona surge em palavras como história, série, gênio, tênue, mágoa, fêmea e miséria, que terminam em -ea, -eo, -ia, -ie, -io, -oa, -ua, -uo.
Não havendo consenso entre os gramáticos, essas palavras podem ser consideradas paroxítonas ou proparoxítonas, conforme a pronúncia do encontro vocálico final como ditongo ou hiato:
- A palavra é paroxítona se o encontro vocálico for considerado um ditongo: his-tó-ria; sé-rie; tê-nue.
- A palavra é proparoxítona se o encontro vocálico for considerado um hiato: his-tó-ri-a; sé-ri-e; tê-nu-e.
Estas palavras são também classificadas como proparoxítonas aparentes, ou seja, palavras proparoxítonas na pronúncia, mas que continuam com uma forma paroxítona.
Classificação como paroxítona e divisão silábica
Segundo uma visão mais tradicional, essas palavras são classificadas como paroxítonas terminadas em ditongo crescente:
- mágoa (má-goa);
- série (sé-rie);
- gênio (gê-nio);
- tênue (tê-nue);
- fêmea (fê-mea);
- miséria (mi-sé-ria);
- história (his-tó-ria);
- rádio (rá-dio);
- cárie (cá-rie);
- dúzia (dú-zia);
- ânsia (ân-sia);
- glória (gló-ria);
- ingênuo (in-gê-nuo);
- início (i-ní-cio).
Classificação como proparoxítona e divisão silábica
Devido à flexibilidade da pronúncia dos ditongos crescentes, estes são facilmente silabados, sendo convertidos em hiatos, transformando a palavra em proparoxítona:
- mágoa (má-go-a);
- série (sé-ri-e);
- gênio (gê-ni-o);
- tênue (tê-nu-e);
- fêmea (fê-me-a);
- miséria (mi-sé-ri-a);
- história (his-tó-ri-a);
- rádio (rá-di-o);
- cárie (cá-ri-e);
- dúzia (dú-zi-a);
- ânsia (ân-si-a);
- glória (gló-ri-a);
- ingênuo (in-gê-nu-o);
- início (i-ní-ci-o).
Saiba mais!
Alguns dicionários fazem a divisão silábica dessas palavras com dois-pontos, para indicar que esse encontro vocálico pode ser pronunciado como ditongo, mantendo-se só uma sílaba, ou como hiato, havendo a separação da sílaba:
- história (his-tó-ri:a);
- série (sé-ri:e);
- tênue (tê-nu:e);
- rádio (rá-di:o);
- dúzia (dú-zi:a).
Proparoxítonas aparentes e o acordo ortográfico
O atual acordo ortográfico classifica essas palavras como proparoxítonas aparentes, englobando-as no grupo das palavras proparoxítonas. Indica, contudo, que são formadas por sequências vocálicas praticamente consideradas ditongos crescentes.
Exemplos de proparoxítonas aparentes presentes no acordo ortográfico:
- náusea;
- etéreo;
- níveo;
- enciclopédia;
- glória;
- barbárie;
- série;
- lírio;
- mágoa;
- nódoa;
- língua;
- exíguo;
- vácuo;
- amêndoa;
- côdea.
Assim, vários autores já incluem esses vocábulos no grupo das proparoxítonas, indicando, contudo, que recomendam a divisão silábica com ditongo crescente.
As proparoxítonas aparentes podem ser também chamadas de proparoxítonas eventuais, acidentais ou ocasionais.
Palavras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas
As palavras são classificadas em oxítona, paroxítona e proparoxítona quando é feita uma classificação da palavra quanto à posição da sua sílaba tônica, ou seja, da sílaba pronunciada com maior força e intensidade.
Quando a sílaba tônica é a última sílaba da palavra, as palavras são oxítonas:
- café (ca-fé);
- coração (co-ra-ção);
- papel (pa-pel).
Quando a sílaba tônica é a penúltima sílaba da palavra, as palavras são paroxítonas:
- comida (co-mi-da);
- lápis (lá-pis);
- engraçado (en-gra-ça-do).
Quando a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba da palavra, as palavras são proparoxítonas:
- música (mú-si-ca);
- gráfico (grá-fi-co);
- último (úl-ti-mo).
Referências bibliográficas:
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38. ed. Rio de Janeiro: Lucerna e Nova Fronteira, 2015.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática de Língua Portuguesa. 48. ed. Companhia Editora Nacional, 2010.
ROSENTHAL, Marcelo. Gramática para concursos: teoria e mais de 1000 questões. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
