Os principais erros ortográficos do português

Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de Português

Erros de ortografia são comuns. Um erro ortográfico é um erro na forma correta de escrita de uma palavra, bem como no correto uso dos sinais de acentuação e sinais auxiliares da escrita.

Os erros ortográficos ocorrem, principalmente, porque não existe uma correspondência direta entre todos os grafemas e fonemas da língua portuguesa, ou seja, entre todas as letras e os sons que elas podem representar. Um som pode ser representado por várias letras e uma letra pode representar diferentes sons.

Confira os principais erros ortográficos do português:

X ou CH

A consoante x e o dígrafo ch são facilmente confundidos, uma vez que o x pode assumir o valor de ch no princípio e no meio das palavras.

Palavras com x:

  • mexer (e não mecher);
  • puxar (e não puchar);
  • xingar (e não chingar);
  • enxergar (e não enchergar);
  • xícara (e não chícara).

Palavras com ch:

  • encher (e não enxer);
  • pichar (e não pixar);
  • chuchu (e não xuxu);
  • chilique (e não xilique);
  • inchado (e não inxado).

G ou J

A troca entre j e g é comum, porque essas duas consoantes representam o mesmo fonema quando formam sílaba com a vogal i e com a vogal e. Assim, as sílabas ge/je e gi/ji são pronunciadas da mesma forma.

Palavras com g:

  • bege (e não beje);
  • longe (e não lonje);
  • gesto (e não jesto);
  • exigir (e não exijir);
  • dirigir (e não dirijir).

Palavras com j:

  • jeito (e não geito);
  • laje (e não lage);
  • ajeitar (e não ageitar);
  • jiboia (e não giboia);
  • canjica (e não cangica).

S ou Z

A dúvida na escrita de s ou z nas palavras ocorre quando a consoante s está posicionada entre duas vogais, assumindo o som /z/.

Palavras com s:

  • atrasado (e não atrazado);
  • paralisar (e não paralizar);
  • pesquisa (e não pesquiza);
  • análise (e não análize);
  • quiseram (e não quizeram).

Palavras com z:

  • prezado (e não presado);
  • azia (e não asia);
  • batizado (e não batisado);
  • gentileza (e não gentilesa);
  • deslize (e não deslise).

S, SS, Ç ou C

O uso de s, ss, ç ou c causa muitas dúvidas, porque todas essas opções podem representar o mesmo som: /s/.

Palavras com s:

  • ansioso (e não ancioso);
  • descanso (e não descanço);
  • suspense (e não suspence);
  • subsídio (e não subcídio);
  • compreensão (e não compreenção).

Palavras com ss:

  • excesso (e não exceço);
  • necessidade (e não nececidade);
  • permissão (e não permição);
  • impressão (e não impreção);
  • pressão (e não preção).

Palavras com ç:

  • exceção (e não excessão);
  • cansaço (e não cansasso);
  • licença (e não licensa);
  • embaçado (e não embassado);
  • peça (e não pessa).

Palavras com c:

  • você (e não voçê);
  • parece (e não pareçe);
  • gracinha (e não graçinha);
  • comecei (e não começei);
  • coceira (e não coçeira).

I ou E

Devido à proximidade de pronúncia existente entre a vogal i e a vogal e, o erro na escrita das duas vogais é frequente.

Palavras com i:

  • digladiar (e não degladiar);
  • privilégio (e não previlégio);
  • incomodar (e não encomodar);
  • possui (e não possue);
  • contribui (e não contribue).

Palavras com e:

  • empecilho (e não impecilho);
  • entrevista (e não intrevista);
  • periquito (e não piriquito);
  • desvio (e não disvio);
  • irrequieto (e não irriquieto).

L ou R

A troca entre a consoante r e a consoante l é um erro de articulação comum em diversas regiões do Brasil.

Palavras com r:

  • cérebro (e não célebro);
  • cerebral (e não celebral);
  • cabeleireiro (e não cabeleileiro).

Palavras com l:

  • pílula (e não pírula);
  • problema (e não probrema);
  • blusa (e não brusa).

Acréscimo de letras

A escrita de letras que não existem na palavra provoca, também, vários erros ortográficos. Isso ocorre, principalmente, perto de consoantes mudas, que deverão ser pronunciadas sem a inclusão de uma vogal.

Exemplos de erros por acréscimo de letras:

  • advogado (e não adevogado);
  • beneficente (e não beneficiente);
  • amnésia (e não aminésia);
  • absurdo (e não abisurdo);
  • idolatrada (e não idrolatrada);
  • losango (e não losângulo);
  • asterisco (e não asterístico).

Supressão de letras

A não escrita de todas as letras que formam a palavra provoca, também, diversos erros ortográficos.

Exemplos de erros por supressão de letras:

  • perturbar (e não pertubar);
  • prostração (e não prostação);
  • retrógrado (e não retrógado);
  • propriedade (e não propiedade);
  • brincadeira (e não brincadera);
  • poliomielite (e não poliomelite).

Troca na posição das letras

Erros ortográficos derivados de trocas na posição das letras surgem em palavras maiores e mais complexas.

Exemplos de erros por troca na posição das letras:

  • bicarbonato (e não bicabornato);
  • padrasto (e não padastro);
  • madrasta (e não madastra).
  • muçulmano (e não mulçumano);
  • meteorologia (e não metereologia);
  • entretido (e não entertido);
  • supérfluo (e não supérfulo).

Extensão da nasalidade

Alguns erros ortográficos surgem devido à extensão indevida do traço de nasalidade de uma sílaba para outra anterior ou posterior.

Exemplos de erros por extensão da nasalidade:

  • mendigo (e não mendingo);
  • sobrancelha (e não sombrancelha);
  • bugiganga (e não bugingana);
  • identidade (e não indentidade);
  • reivindicar (e não reinvindicar).

Junção de palavras separadas

Diversas expressões de uso corrente são erradamente escritas de forma junta, quando na realidade deverão ser escritas de forma separada.

Expressões que se escrevem separadas:

  • com certeza (e não concerteza);
  • de repente (e não derrepente)
  • por isso (e não porisso);
  • a partir de (e não apartir de);
  • de novo (e não denovo).

Acentuação gráfica

A falta de acentos gráficos ou a escrita indevida de um acento gráfico são considerados, também, erros ortográficos. A acentuação gráfica das palavras deverá ser sempre feita de acordo com as regras de acentuação do português.

Palavras sem acento gráfico:

  • item (e não ítem);
  • coco (e não côco);
  • gratuito (e não gratuíto);
  • rubrica (e não rúbrica);
  • higiene (e não higiêne);
  • menu (e não menú);
  • raiz (e não raíz).

Palavras com acento gráfico:

  • mantém (e não mantem);
  • papéis (e não papeis);
  • pólen (e não polen);
  • pôr (para distinguir de por);
  • pôde (para distinguir de pode);
  • têm (para distinguir de tem).

Uso do hífen

Desde a entrada em vigor do atual acordo ortográfico, a escrita de palavras com hífen e sem hífen tem sido motivo de dúvidas para diversos falantes.

Palavras com hífen:

  • segunda-feira (e não segunda feira);
  • bem-vindo (e não benvindo);
  • mal-humorado (e não mal humorado);
  • micro-ondas (e não microondas);
  • bem-te-vi (e não bem te vi).

Palavras sem hífen:

  • dia a dia (e não dia-a-dia);
  • fim de semana (e não fim-de-semana);
  • à toa (e não à-toa);
  • autoestima (e não auto-estima);
  • antirrugas (e não anti-rugas).

Parônimos e homônimos homófonos

Devido à proximidade gráfica e fonética que as palavras parônimas e homônimas homófonas apresentam, é frequente que sejam usadas de forma errada. Muitas vezes, apesar de estarem bem escritas, são usadas de forma trocada, no contexto errado, originando o erro ortográfico.

Palavras parônimas:

  • cumprimento e comprimento;
  • iminente e eminente;
  • tráfego e tráfico;
  • retificar e ratificar;
  • cavaleiro e cavalheiro;
  • estofar e estufar.

Palavras homônimas homófonas:

  • mau e mal;
  • acento e assento;
  • houve e ouve;
  • alto e auto;
  • concerto e conserto;
  • trás e traz.
Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto, em Portugal (2005). Atua nas áreas da Didática e da Pedagogia.

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