Entrar para dentro

Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de Português

A expressão entrar para dentro é considerada um pleonasmo vicioso ou uma redundância. Nesse vício de linguagem ocorre a repetição supérflua e inútil de ideias, sendo essa repetição desnecessária para a transmissão do conteúdo da frase. Assim, a expressão entrar para dentro, considerada por muitos como um erro crasso, deve ser evitada.

Exemplos:

  • Vamos entrar? (correto)
  • Vamos entrar para dentro? (redundância)
  • Já está na hora de entrar. (correto)
  • Já está na hora de entrar para dentro. (redundância)

Apesar dos pleonasmos viciosos serem considerados inaceitáveis numa linguagem culta e correta, é frequente sua utilização pelos falantes. Os vícios de linguagem costumam ocorrer devido a falta de atenção e pouco conhecimento dos significados das palavras pelos falantes. Assim, é comum a utilização de redundâncias como: entrar para dentro, subir para cima, descer para baixo, sair para fora, adiar para depois, ver com os olhos,…

Contrário ao pleonasmo vicioso, há o pleonasmo literário, uma figura de linguagem que intensifica o valor expressivo das palavras, reforçando o que está sendo transmitido. Com a introdução, por exemplo, do advérbio lá, é possível transformar o pleonasmo vicioso entrar para dentro num pleonasmo literário onde há reforço do sentido das palavras: entrar lá para dentro.

Exemplos:

  • Espreitou pela fechadura e abriu a porta, ansioso para entrar lá para dentro.
  • Lá? É lá dentro que está a confusão… e eu não quero entrar lá para dentro.
Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto, em Portugal (2005). Atua nas áreas da Didática e da Pedagogia.

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